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170 – 3:33

Paulo H.S. Cassila

Olá!

Depois de tanto tempo, voltei a escrever nessa minha página. Num lugar onde posso fazer as coisas de que gosto e botar as várias ideias que rondam minha cabeça pra fora. Particularmente tenho sérios problemas para dormir. Não sou do tipo de pessoa que bota a cabeça no travesseiro e dorme em questões de minutos. Não, eu não sou assim. Quando me deito, é onde minha mente começa a trabalhar, são tantos pensamentos e ideias que me dominam que o sono vai simplesmente embora, é então que me pego tendo várias noites de insônia.

Vocês devem estar se perguntando: “Mas o que eu tenho haver com isso?” Calma! Só estou compartilhando isso, pois em várias noites sem dormir direito e com a cabeça a mil por hora, peguei alguns costumes de escrever pequenos contos de minha autoria. A partir de agora irei começar à escreve-los aqui, no CINECASSILA, e assim voltar a escrever diariamente. Quem sabe… :p

Bem, espero que gostem…

3:33

“Mais uma vez acordo numa madrugada vazia. O relógio sempre está marcando 3:33 e a sensação de pânico me toma conta. Sinto que estou sendo vigiado, perseguido… mas quem poderia ser? Abro a janela do quarto para tomar um ar, acendo um cigarro, mas nem isso ajuda. Droga, será que essa sensação não passa? Já são várias noites mal dormidas, e é inevitável tentar disfarçar que algo vem acontecendo.

Em meu trabalho, sinto os olhares e acusações de todos os lados. Que se danem todos! Me olho no espelho e mal me reconheço. Estou um verdadeiro trapo. Eu poderia sair agora, mas vai ajudar em quê? Sempre as mesmas ruas vazias, tristes e sem vida alguma. Não! Prefiro ficar em meu apartamento alugado, num prédio qualquer e caindo aos pedaços. Mas por que diabos dessa sensação? Apesar do ar gélido vindo de fora, eu estou suando e com o corpo tremendo. O que está acontecendo? Sei que estão me vigiando.

Pela janela, a brisa fria da madrugada e aquela maldita luz no céu, vinda de algum refletor… e no relógio, ainda são 3:33.

Escuto a porta do meu quarto se abrir… parece que alguém esta entrando, mas quem poderia ser? Percebo que são cinco vultos distintos, brancos, parecem como fantasmas… sinto frio, muito frio.
Acordo e percebo que foi mais um pesadelo.

Estou tremendo, suando, mas de certo modo com frio. A janela do quarto está fechada e como o quarto pode estar tão gelado? Olho o relógio e está marcando 3:33. Deus, acho que estou enlouquecendo, pois continuo com a sensação de estar sendo vigiado. Não tenho ninguém a quem pedir ajuda. Não sou do tipo de ter amigos.

No serviço me deram férias, pediram para eu me tratar, mas eu sei o que eu tenho. Ainda não enlouqueci, ainda não, por mais que pareça.

Os dias se passam e a sensação de estar sendo vigiado e perseguido só aumentam. Procuro ficar em casa, trancado, onde tenho certeza de que estou seguro. Assim eu espero! Tenho tudo em estoque… água, comida, remédios… nada me falta, para quê sair? Por falar em remédios, nos últimos dias ando com uma tremenda dor de cabeça. Pura enxaqueca. Como se tivessem aberto meu crânio… E os pesadelos?! Cada vez mais sinistros e reais, o pior é que não consigo me lembrar de detalhes, apenas vislumbres. Vultos, algo branco, um som estranho e… frio.

Abro a janela e vou até a sacada, meus únicos companheiros e melhores amigos são um maço de cigarros e uma garrafa de whisky. Tento ocupar a mente e a única coisa que penso é saber quem poderia estar me vigiando. Ahhh que se f$#@! Simplesmente grito da janela do quarto: “Vão se fu*€¿ seus malditos!!” De relance, percebo que aquela maldita luz continua pairando no céu. De onde será que ela vem? Deve ser de algum refletor, em algum lugar dessa maldita cidade.

Fecho a janela, depois a tranco, o mesmo faço com a porta. Ligo a TV e são sempre os mesmos programas… novelinhas de quinta, noticiário sensacionalista do mundo caótico, programa de auditório com peitos e bundas. Droga!! Isso também não ajuda. Desligo a TV e ligo o rádio, pois nada melhor que o bom e velho rock, para acalmar os nervos. Deito na cama, cigarro numa mão, copo com whisky na outra, hora de relaxar… No relógio? São 23:47.

Frio… muito frio. O quê?! Parece que tem alguém aqui! Estão pegando em meu braço… tento ver alguma coisa e só posso distinguir figuras estranhas, brancas, geladas… Olhos?! Parecem olhos, grandes e negros como o céu noturno, enormes fendas num manto branco. Tento gritar com toda minha força, isso me faz despertar e noto que estou flutuando sobre a cama. Mas como assim, isso é impossível! Tento me agarrar em algo mas é em vão. Céus, estou indo em direção a janela que está ABERTA. Mas eu a tranquei! Tento lutar de tudo que é maneira, me segurar em alguma coisa, mas algo me puxa pra fora e num último vislumbre de meu quarto, vejo o relógio marcando 3:33. Tento me debater, me segurar, mas é em vão. Nem meus gritos desesperados e pedindo ajuda parecem surtir efeito. Me deparo com o prédio abaixo de mim e noto que a cidade está morta. Sem carros, sem motos, sem aviões, sem cachorros, sem humanos, sem vida… Vejo o bairro onde moro… logo alguns quarteirões… uma cidade… luzes… meu desespero e gritos sem poder ser vistos ou ouvidos por ninguém. Logo apenas a escuridão do desconhecido”.

PH.

3:33

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